Reflexões

Chamo-me Caridade!
Hoje, visitei os lares pobres onde crianças esquálidas, de estômagos atormentados pela fome, solicitavam em preces infantis o pão farto que nunca lhes chegou.

Chamo-me Caridade!
Sondei os corações maternos agoniados que, de mãos vazias, só podiam ofertar as próprias lágrimas às suas criancinhas envoltas em panos pobres.

Chamo-me Caridade!
Durante a noite, presenciei famílias inteiras depositadas a beira de pontes, como se estas fossem os únicos abrigos que pudessem lhes proteger do frio da noite.

Chamo-me Caridade!
Fui de encontro aos asilos, onde velhos de toda sorte, imploravam em preces fervorosas, a palavra que nunca lhes chegou, na visita dos parentes que estão somente na memória de suas lembranças quase esquecidas.
Sondei-lhes a alma e compartilhei com eles suas dores, suas incertezas, suas angústias.
Tentei eu, em minha pobreza, soprar aos seus ouvidos: -Coragem! Coragem! Ninguém está esquecido.
O Coração do Criador a todos se manifesta. O corpo pode estar alquebrado, mas seus sentimentos permanecem vivos como nunca.
Em teus olhos vejo o brilho da vida que as rugas trabalharam.
Coragem! Coragem!

Chamo-me Caridade!
Ví adolescentes e jovens falando em morte, tentando valer-se da ausência do seu meio familiar, para buscar no consolo do sepulcro, apagar do próprio interior, as labaredas que lhes consome o mundo íntimo.
Disse-lhes: - Vai meu filho! Busca rumo diferente... Não faças da tua vida uma porção de entulho inútil. Deus criou-te para te superares a ti próprio. Tens todo um futuro que te sorri. Não termines assim. Não limites a tua existência, tão nobre, tão grande, a uns punhados de ervas que só te multiplicam as dores...

Chamo-me Caridade!
Fui de encontro a algumas famílias cujo trabalho faltava. Ví homens honestos, suplicando a benção de uma remuneração digna, para que pudessem suprir, perante aqueles a quem amam, o básico de uma existência pobre.

Chamo-me Caridade!
Ví mulheres, cuja maquilhagem exibida entre as vestes, a imagem nítida da opulência e da vitória, mas cujos corações estavam encharcados pelo pranto amargo de não serem amadas e compreendidas.
Ouve o meu conselho e encontra na maternidade, minha querida, as forças maiores que te possam realizar. Ainda que o homem tente dominar-te os anseios mais profundos e desviar-te os passos da senda do Amor, cerra os teus ouvidos a estes apelos.
Vê nos braços pequeninos, no sorriso inocente, a grande tarefa a que o Senhor te conduziu.

Chamo-me Caridade!
Hoje estou aqui, diante de vós, apresentando-me como mendigo, implorando de cada um: -Não se esqueçam de ninguém.
A grandeza do existir não se resume à disputa estéril, do berço ao túmulo.
Estou aqui para dizer a ti mãezinha, que tens essa criança ao colo, nos teus braços amigos, que saibas conduzi-la com carinho na trajectória da honestidade, da decência, do Amor ao próximo.

Vim aqui implorar aos homens: - Não se esqueçam de conceder às suas companheiras o carinho e o valor que elas merecem, porque somente assim podereis formar um verdadeiro Lar.
Imploro a misericórdia a todos aqueles que perambulam na noite da vida, esquecidos e atormentados. Imploro às vossas mãos, ainda que frágeis, para lhes socorrer, mesmo que, por um minuto, nas suas tragédias.
Hoje mesmo, ao teu lado, está o companheiro que chora, aquele que se vê envolvido em dores infindáveis. Não é um desconhecido anônimo, é alguém que, como tu, luta para amar e ser amado.

Chamo-me Caridade!
E estarei onde os olhos humanos não conseguirem me ver....

Chamo-me Caridade!
Sou a única via de acesso à verdadeira felicidade. Por isso, venho convidar-vos a participar da grande festa dos anjos, através do desprendimento de vós próprios, porque a lágrima do outro é a nossa própria e a dificuldade do outro é nosso grande desafio.

Chamo-me Caridade!
Conto com o apoio de todos.
Chamo-me Caridade!
(Espírito Cáritas)



A cada encontro tentamos remover obstáculos, limar imperfeições, tentamos procurar outras formas de ajudar, por vezes buscámos inspiração e coragem para não desanimar pois a seara é grande e poucos são os trabalhadores. Mas no final ficamos felizes porque estamos a construir algo de bom, estamos a ser a esperança de quem já não espera nada. Ficamos contentes porque sabemos que o nosso exemplo se vai multiplicar e que até mudará vidas.
Autor: (Voluntário do NVVC)


“Os voluntários não são pagos – não porque não tenham valor, mas antes porque o seu valor é incalculável.”

(Madre Teresa de Calcutá)

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